quarta-feira, 29 de julho de 2009

A nova gripe e os velhos costumes

Recebi este artigo através dos informativos do Instituto Nina Rosa, e achei muito legal, por isso publico aqui, para reflexão geral.
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Boa leitura!

A nova gripe e os velhos costumes por Jaime Nudilemon Chatkin*
Aumentam os casos de gripe suína em todo o mundo, amedrontando populações e trazendo prejuízos financeiros de vulto às economias dos locais afetados.
A letalidade do vírus, por sorte (e nada mais do que isso), parece ser baixa, prevendo-se um número não muito elevado de vítimas fatais da doença.
Observa-se que o descobrimento da vacina é esperado como a solução definitiva para o problema.
Mas será mesmo?
É como se alguém encontrasse um vazamento de água em sua casa e determinasse, para solucionar a questão, que toda a mobília fosse imediatamente impermeabilizada. Mas as causas do vazamento não foram de modo algum combatidas.
Creio que a comparação se mostra adequada. É claro que a vacina é importante e poderá salvar muitas vidas, mas a pergunta que se impõe é o que foi ou será feito para evitar que a aparição desse tipo de ameaça seja recorrente na sociedade (lembre-se dos recentes casos da vaca louca e da gripe aviária).
As causas do aparecimento da gripe suína podem com certeza ser desvendadas, e já existiam estudos, mesmo antes da pandemia, que indicavam que o confinamento de um grande número de animais em fazendas industriais propicia um meio adequado para o surgimento e mutação de vírus potencialmente nocivos ao ser humano.
Fazendas industriais, para quem não sabe, foi o modo que o agronegócio sem preocupações éticas encontrou para aumentar a produtividade na criação de animais, confinando um número cada vez maior deles em espaços cada vez menores e cruéis, tudo em nome do aumento do lucro, sem importar o sofrimento dos seres vivos ali tratados como mercadoria e com os danos ambientais causados por esse tipo de aglomeração.
A propósito, sabe-se que no México, país onde surgiram os primeiros casos de gripe suína, existem inúmeras dessas fazendas para fornecer carne suína, principalmente à população norte-americana, em virtude de acordos comerciais.
Mas o que será feito de concreto a respeito dessas granjas, verdadeiras aberrações éticas do sistema capitalista?
Como era de se esperar, nada. Ao contrário, rebatiza-se o vírus para não atrapalhar os negócios e se joga toda esperança na grande vacina, fazendo reféns da indústria farmacêutica um sem número de governos.
Em suma, seguindo-se a cartilha do mais puro capitalismo, a pandemia gerará crescimento para o dinheiro de alguns poucos, em detrimento do dinheiro de muitos e das verbas públicas.
E nada, absolutamente nada será feito para atacar as causas de um problema que, em um futuro retorno, poderá surgir de forma mais agressiva e devastadora.


* Promotor de Justiça de Defesa Comunitária em Pelotas.

Fonte: http://zerohora.clicrbs.com.br/
Imagem: http://www.vista-se.com.br/

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